/ Contagem Regressiva II

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Amazon divulga quarto conto!


A Amazon.com, empresa que comprou em leilão uma das sete cópias de Os Contos de Beedle - O Bardo, escrito por J.K. Rowling, divulgou o resumo do quarto conto do livro, que se chama 'Babbitty a coelha, e o tronco que cacarejava'. Você pode ler o conto tranquilamente, quando formaos contar o final, nós avisaremos!

Um grande tronco de madeira de uma árvore (com vinte formações aneladas - sim, nós contamos) se encontra no topo do quarto e mais longo conto de fadas escrito por Rowling. Cinco raízes parecida com tentáculos se espalham a partir da base, com grama e ervas saindo por debaixo delas. No centro da base do tronco há uma escura rachadura, com dois círculos brancos que parecem dois olhos que focam o leitor. Abaixo do texto há uma estreita e pequena pegada da pata de um animal (com quatro dedos). Não tão terrível quanto o sangrento e peludo coração do último conto (e dessa vez nós de fato vemos poeria estrelar), mas nós não gostamos da aparência desse toco.

'Babbitty a coelha, e o tronco que cacarejava' começa (como em todo bom conto de fadas) há muito tempo atrás e numa longínqua terra. Um ganacioso e 'insensato rei' decide que ele quer manter toda a magia para si próprio. Mas ele tem dois problemas: primeiro, ele precisa de ter poder sobre todos os grandes magos e feiticeiros, e em segundo lugar, ele tinha de realmente aprender a fazer magia. Ao mesmo tempo em que ele forma uma 'Brigada de Caçadores de Bruxas' armado com cães ferozes, ele também anuncia sua necessidade de um 'instrutor em magia' (não muito inteligente, o nosso rei). Habilidosos bruxos e bruxas se escondem em vez de atender o seu chamado, mas um 'esperto charlatão', sem nenhuma habilidade mágica, blefa e consegue seu papel com uns poucos e simples truques.

Uma vez instalado como bruxo chefe e instrutor particular do Rei, o charlatão demanda ouro para suprimentos mágicos, rubis para criar encantamentos e copos de prata para poções. O charlatão guardava esses itens na sua prórpia casa antes de retornar ao palácio, mas ele não percebe que a velha 'lavadeira' do rei, Babbitty, o vê. Ela o observa tirar um galho de uma árvore que ele então apresenta ao rei como sendo uma varinha. Esperto como ele é, o charlatão diz ao Rei que sua varinha não funcionará até que 'sua majestade seja digno dela'.

Todos os dias o rei e o charlatão praticavam mágica (Rowling é realmente brilhante nesse trecho, pois pinta um retrato que mostra o ridículo rei balançando sua varinha e 'atirando sem sentido para o céu'), mas em uma manhã eles ouvem uma risada e vêem Babbitty assistindo de sua casinha, rindo tanto que mal pode se manter em pé. O Rei sentindo-se humilhado ficou impaciente e furioso, e exigiu que o charlatão desse uma verdadeira demostração de magia na frete de seus súditos no dia seguinte. O charlatão desesperado diz que é impossível já que ele precisa partir do Reino em uma longa jornada, mas o agora duvidoso Rei ameaça mandar a Brigada atrás dele. Estando agora furioso, o Rei também ordena que se 'alguém rir de mim', o charlatão será decapitado. E assim, nosso tolo e ambicioso Rei sem mágica revela-se também ser orgulhoso e piedosamente inseguro – mesmo nesses curtos, simples contos, Rowling se mostra capaz de criar complexos e interessantes personagens.

Tentando acabar com sua frustração e raiva, o astuto charlatão vai direto à casa de Babbitty. Olha pela janela, e vê uma 'bem velha mulher' sentada em sua mesa limpando sua varinha, conforme os lençóis 'se limpam' em um balde. Vendo que ela é uma verdadeira bruxa, e ambos a fonte e a solução para seus problemas, ele pede por ajuda, ou ele a denunciará para a Brigada. É difícil descrever completamente esse poderoso ponto de reviravoltas na história (e de qualquer um desses contos, realmente). Tente lembrar da riqueza e da cor dos livros de Rowling e imagine como ela poderia empacotar esses curtos contos repletos de vivas imagens e sutis nuançes de caráter.

Tranqüila com suas reivindicações (afinal, ela é uma bruxa), Babbitty sorri e concorda que fará 'qualquer coisa que estiver ao seu alcançe' para ajudar. O charlatão pediu para ela se esconder atrás de um arbusto e executar todos os feitiços para o rei. Babbity concorda, mas questiona sobre o que irá acontecer se o rei tentar conjurar um feitiço inexistente. O charlatão, sempre convencido de sua própria esperteza e da burrice dos outros, ri das preocupações dela, afirmando que a magia de Babbitty é certamente mais poderosa do que qualquer coisa que 'a imaginação daquele burro' possa sonhar.

Na manhã seguinte, os membros do tribunal se reuniram para testemunhar os poderes mágicos do rei. Em um palco, o rei e o charlatão realizaram seu primeiro ato mágico - fazendo o chapéu de uma mulher desaparecer. A platéia ficou espantada, e ao mesmo tempo admirada, jamais imaginando que Babbitty estaria se escondendo atrás de um arbusto, e que ela estava realizando a mágica. Para o próximo feito, o rei aponta seu 'galhinho' (toda referência a isso nos maravilha) em seu cavalo, elevando-o no ar. Pensando em uma idéia ainda melhor para o terceiro feitiço, o rei é interompido pela Capitão da Brigada, que segura o corpo de um dos cães de caça do rei (morto por um cogumelo envenenado). Ele implora ao Rei para trazer a vida de volta ao cão, mas quando o Rei aponta o galho para o chão, nada acontece. Babbitty sorri em seu esconderijo, e nem mesmo tenta realizar o feitiço, pois ela sabe que 'mágica nenhuma pode recussitar os mortos' (pelo menos não nessa história). A platéia começa a rir, suspeitando que os dois primeiros feitiços foram apenas brincadeiras. O Rei ficou furioso, e quando exige saber a razão da mágica ter falhado, o astuto e enganador charlatão aponta para o esconderijo de Babbitty e grita que aquela 'bruxa má' está bloqueando os feitiços. Babbitty sai correndo de trás do arbusto, e quando os Caçadores de Bruxas envia os cães atrás dela, ela desaparece, deixando os cães 'latindo e lutando' na base de uma velha árvore. Desesperado agora, o charlatão grita que a bruxa se transformou em uma 'maçã ácida' (o que mesmo nesse tenso e dramático ponto gera um riso). Temendo que Babbity se transformasse de volta em uma mulher e o expusesse, o charlatão ordena que a árvore seja cortada – porque é assim que se 'tratam bruxas más'. Essa é uma cena muito poderosa, não apenas pelo drama 'corte sua cabeça!', mas porque a habilidade do charlatão em causar um tumúlto na multidão é evocativa de todos os tribunais de bruxas reais. Como o drama é construído, a letra de Rowling parece levemente menos polida - os espaços entre as letras de suas palavras aumenta, criando a sensação de que ela está criando a história conforme escreve, levando as palavras ao fim da página o mais rápido que consegue.


AVISO, PARE AGORA MESMO SE NÃO QUISER SABER O FINAL DESSE CONTO!


A árvore é derrubada, mas conforme a platéia se direciona ao palácio novamente, uma 'alta gargalhada' pôde ser ouvida, desta vez, dentro do tronco. Babbitty, sendo uma bruxa muito esperta, grita que bruxas e magos não podem ser mortos por serem apenas 'cortados ao meio', e para provar isso, ela sugere que cortem o instrutor do rei “em dois”. Nisso, o charlatão implora por piedade e confessa. Ele é arrastado para a masmorra, mas Babbitty não terminou com o tolo rei. Sua voz, ainda saindo do tronco, proclama que as ações do Rei invocaram uma maldição no reino, e cada vez que ele causar danos a um bruxo ou bruxa ele também sentirá uma dor tão cruel que desejará 'morrer por isso'. O agora desesperado Rei cai de joelhos e promete proteger todos os magos e bruxas de seu território, permitindo-lhes fazer qualquer mágica, sem danos. Alegres, mas não completamente satisfeitos, o tronco cacareja novamente e exige que uma estátua de Babbitty seja colocado sobre ele para lembrar o Rei de sua 'própria tolice'. O 'envergonhado Rei' promete trazer um escultor para criar uma estátua de ouro, e volta para o palácio com sua corte. No fim, uma 'gorda e velha coelha', com uma varinha presa aos dentes sai do buraco de baixo do tronco (ahá! a fonte destes minúsculos olhos brancos) e deixa o reino. A estátua dourada permaneceu no tronco para sempre, e feiticeiros e magos nunca mais foram caçados no reino.

'Babbitty a coelha, e o tronco que cacarejava' destaca a disfarçada ingenuidade da velha bruxa – que deve recordar os fãs de um certo sábio e habilidoso bruxo – e vocês podem imaginar como a velha Babbitty pode se tornar uma heroína para jovens bruxos e bruxas. Mas mais do que apenas uma história sobre o triunfo de uma bruxa inteligente, a história adverte contra as fraquezas humanas, como a ganância, arrogância, egoísmo e duplicidade, e mostra como esses errantes (mas não maus) personagens podem vir a aprender com seus próprios erros. O fato de que o conto vem logo depois do louco mago, enfatiza a importância que Rowling sempre colocou em alerta-próprios: Babbitty revela ao Rei sua arrogância e ambição, assim como o Caldeirão Saltitante expõe o egoísmo do bruxo e o Poço desvenda as forças escondidas das três bruxas e do cavaleiro. Dos primeiros quatro contos, apenas o mago de coração peludo sofre um verdadeiro destino horrível, pois seu imperdoável uso de Arte das Trevas e sua recusa em descobrir seu verdadeiro eu tiram dele a possibilidade de redenção.

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